s HCA, Cap�tulo 05, Fundamentos da Hidr�ulica de Canais, Escoamento Uniforme, Victor Miguel Ponce, San Diego State University, 2014; Traduzido por Vassiliki Boulomytis, Instituto Federal de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia de S�o Paulo - C�mpus Caraguatatuba


[Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]     

CAP�TULO 5:  ESCOAMENTO UNIFORME


5.1  ESCOAMENTO UNIFORME

[F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]  

O fluxo uniforme � estritamente aplic�vel apenas em canais prism�ticos. No fluxo uniforme, a profundidade do fluxo, a �rea do fluxo, a velocidade m�dia e a vazão s�o constantes ao longo do canal. Para canais n�o-prism�ticos (naturais) de se��o transversal quase uniforme, o termo fluxo de equil�brio � frequentemente usado para descrever a condi��o de fluxo que se aproxima ou se assemelha ao fluxo uniforme de canais prism�ticos.

Em um escoamento uniforme, todas as declividades (de atrito Sf, de energia Se, da superf�cie da água Sw e do leito So) s�o constantes e iguais à declividade S.


Sf  =  Se  =  Sw  =  So  =  S

(5-1)

N�o existe escoamento uniforme e inst�vel. Se o fluxo � inst�vel, ele simplesmente n�o � uniforme. No entanto, sob um n�mero Vedernikov V = 1, o fluxo uniforme se torna neutramente est�vel e isso � prop�cio ao desenvolvimento de ondas de rolagem (Seção 1.3). Essa � a "instabilidade do fluxo uniforme" descrita por Chow (1959). Em V < 1, as perturba��es do fluxo s�o atenuadas e as ondas de rolagem n�o se desenvolvem.


Estabelecimento de escoamento uniforme

Do ponto de vista mec�nico, o fluxo uniforme ocorre em um volume de controle quando a for�a de atrito � igual � for�a gravitacional. Na aus�ncia de controles de se��o (Seção 4.3), todos os fluxos de canais tendem naturalmente a ter escoamento uniforme.

No fluxo uniforme, a propriedade única da área da curva-chave da vazão ou profundidade qualifica o fluxo uniforme como um controle do canal. Assim, o fluxo cr�tico uniforme � muito significativo no controle de canais.

A profundidade do fluxo uniforme � conhecida como profundidade normal. A Figura 5-1 mostra o estabelecimento de fluxo uniforme em um canal suficientemente longo. A figura superior mostra o fluxo normal subcr�tico, com controles de se��o à montante e à jusante. A figura central mostra o fluxo cr�tico, com controles de se��o à montante e à jusante. A figura inferior mostra o fluxo normal supercr�tico, apenas com o controle da se��o à montante.

Estabelecimento de fluxo uniforme

Fig. 5-1  Estabelecimento de fluxo uniforme (Chow, 1959).

Velocidade do fluxo uniforme

Em geral, a velocidade m�dia do fluxo uniforme � descrita pela seguinte f�rmula:

V  =  C R x S y

(5-2)

Em que:   C = coeficiente de atrito;
                R = raio hidr�ulico (sendo R = A/P, onde A = área molhada e P = perímetro molhado);
                x e y = expoentes em função da rugosidade e da forma da se��o do canal.

Os expoentes x e y variam de acordo com o tipo de rugosidade (laminar, turbulenta, transit�ria ou laminar-turbulenta mista) e com o formato da se��o transversal (arbitr�ria, hidraulicamente ampla, retangular, trapezoidal, triangular ou inerentemente est�vel).

Na pr�tica, existem duas f�rmulas uniformes de fluxo estabelecidas: (1) a f�rmula de Ch�zy e (2) a f�rmula de Manning. Algumas varia��es dessas f�rmulas s�o atuamente utilizadas, dentre elas a fórmula adimensional de Ch�zy e a de Manning-Strickler.


5.2  F�RMULA DE CHÉZY

[F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]  

Para derivar a f�rmula de Ch�zy, a tens�o de cisalhamento τb desenvolvida ao longo do fundo do canal � modelada como uma lei de atrito quadr�tico:

τb  =  ρ f V 2

(5-3)

Em que:   ρ = densidade de massa;
                f  = coeficiente de atrito;
                V = velocidade m�dia.

Esta equa��o � adimensional. Dessa forma, ela tem uma base te�rica consolidada. A for�a de cisalhamento τb desenvolvida ao longo do per�metro molhado P de um volume de controle de comprimento L � (Fig. 5-2):

Fs  =  τb PL  =  ρ f V 2 PL

(5-4)

Volume de controle para o escoamento uniforme

Fig. 5-2  Volume de controle para o escoamento uniforme (Chow, 1959).

O peso da �gua no volume de controle � W. Essa for�a gravitacional está na dire��o do movimento de forma que:

Fg  =  W sen θ

(5-5)

Para um canal de pequena declividade:  sein θ ≅ tan θ = S. Portanto:

Fg  =  W tan θ  =  W S  =  γ A L S

(5-6)

Igualando as for�as de atrito (Eq. 5-4) e as gravitacionais (Eq. 5-6):

ρ f V 2 P  =  γ A S

(5-7)

Que se reduz a:

f V 2  =  g (A /P ) S  =  g R S

(5-8)

Em que:   R = raio hidráulico.

Resolvendo V:

V  =  (g/f )1/2 (R S ) 1/2

(5-9)

V  =  C (R S )1/2

(5-10)

Em que:   C = coeficiente de Ch�zy.

O coeficiente de Ch�zy é definido da seguinte forma:

C  =  (g/f )1/2

(5-11)

Assim, o fator de atrito f na Eq. 5-3 �:

           g
f  =  ______
          C 2

(5-12)

A Eq. 5-10 corresponde à f�rmula de Ch�zy. Uma varia��o da f�rmula de Ch�zy pode ser obtida resolvendo-se a declividade inferior S da Eq. 5-8:

              V 2
S  =  f   _____  
              g R

(5-13)

A qual � equivalente a:

               D       V 2
S  =  f   _____   _____  
               R       g D

(5-14)

Dada a Eq. 4-6, a Eq. 5-14 é reduzida para:

               D       
S  =  f   _____   F 2
               R       

(5-15)

A Eq. 5-15 � basicamente a mesma da Eq. 4-5, que foi derivada da equa��o de Darcy-Weisbach aplicada ao fluxo em canal aberto. Assim, a equa��o adimensinal de Ch�zy (Eq. 5-15) e a equa��o modificada de Darcy-Weisbach (Eq. 4-5) s�o as mesmas.

Para um canal hidraulicamente amplo, DR,a Eq. 5-15 se reduz à:

                      
S  =  f F 2
                      
(5-16)

Que � o mesmo que a Eq. 4-8.

A Tabela 5-1 mostra os valores correspondentes de f, fator de atrito de Darcy-Weisbach f e coeficientes de Ch�zy.

[Veja tambén o video do laboratório:  Escoamento uniforme].


Tabela 5-1  Valores correspondentes de f, f, e C.
Fator de
fricção

f
Darcy-Weisbach

f
Chézy C
Unidades
SI
Unidades
habituais
dos EUA
0,002 0,016 70,02 126,83
0,003 0,024 57,17 103,55
0,004 0,032 49,51 89,68
0,005 0,040 44,29 80,.21

Hist�ria da F�rmula de Ch�zy

Antoine Ch�zy nasceu em Chalon-sur-Marne, Fran�a, em 1 de setembro de 1718 e morreu em 4 de outubro de 1798.

Em 1749, trabalhando em Amsterd�, Cornelius Velsen afirmou:

"A velocidade deve ser proporcional � raiz quadrada da inclina��o."

Em 1757, em Hannover, Alemanha, Albert Brahms escreveu:

"A a��o desaceleradora do leito em fluxo uniforme n�o era apenas igual � a��o acelerativa da gravidade, mas tamb�m proporcional ao quadrado da velocidade".

Velsen e Brahms estavam trabalhando nas leis e teorias gerais de Torricelli e Bernoulli. Ch�zy usou algumas dessas id�ias para desenvolver sua f�rmula.

Foi dada a Ch�zy a tarefa de determinar a se��o transversal e a vazão relacionada para um canal proposto no rio Yvette, que fica perto de Paris, mas em uma altitude mais alta. Desde 1769, ele colecionava dados experimentais do canal de Courpalet e do rio Sena. Seus estudos e conclus�es est�o contidos em um relat�rio ao Sr. Perronet de 21 de outubro de 1775. O documento original, escrito em franc�s, � intitulado "Tese sobre a velocidade do fluxo em uma determinada vala" e � assinado pelo Sr. Ch�zy, inspetor geral das des Ponts et Chauss�es. Ele reside no arquivo n� 847, Sra. 1915, da cole��o de manuscritos da biblioteca da �cole.

Em 1776, Ch�zy escreveu outro artigo, intitulado: "F�rmula para encontrar a velocidade uniforme que a �gua ter� em uma vala ou em um canal do qual a inclina��o � conhecida". Este documento reside no mesmo arquivo [No. 847, Sra. 1915]. Ele cont�m a famosa f�rmula de Ch�zy:

V = 272 (ah/p)1/2

Em que:  h � a declividade, a � a �rea e p � o per�metro molhado. O coeficiente 272 � dado para o canal de Courpalet em um antigo sistema de unidades. No sistema m�trico, o valor equivalente �:

V = 31 (ah/p)1/2

Para o rio Sena, o valor do coeficiente � 44.

Clemens traduziu para o ingl�s os dois artigos de Ch�zy. Riche de Prony, um dos ex-alunos de Ch�zy, foi o primeiro a usar a f�rmula de Ch�zy. Mais tarde, em 1801, na Alemanha, Eytelwein usou as id�ias de Ch�zy e De Prony para promover o desenvolvimento da f�rmula.


5.3  F�RMULA DE MANNING

[Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]  

A f�rmula de Manning, em unidades SI, �:

           1
V  =  ____  R 2/3 S 1/2
           n
(5-17)

Em que:   n = coeficiente de atrito de Manning, fator de atrito ou simplesmente n de Manning.

Nas unidades habituais dos EUA, a f�rmula de Manning �:

           1,486
V  =  ________  R 2/3 S 1/2
              n

(5-18)

A quantidade 1,486 � um fator de convers�o resultante da equival�ncia (3,28 pés/m)1/3 = 1.48582 ≅ 1.486. O fator � necess�rio para expressar a equa��o original de Manning (Eq. 5-17) em unidades habituais nos EUA.

Para comparar com a f�rmula de Ch�zy, a equa��o de Manning � expressa da seguinte forma:

           1,486
V  =  ________  R 1/6 R 1/2 S 1/2
              n

(5-19)

Comparando as Eqs. 5-10 e 5-19, obem-se a rela��o entre os coeficientes de Manning e Ch�zy:

           1,486
C  =  ________  R 1/6
              n

(5-20)

A equa��o 5-20 implica que, enquanto C varia com o raio hidr�ulico, o valor de n n�o varia. Isso pode acontecer praticamente em canais prism�ticos (artificiais), mas geralmente n�o ocorre em canais naturais (Barnes, 1967).

Nos canais naturais, o valor de n pode variar com o est�gio e a profundidade do fluxo. Isso � atribu�do a:

  1. Varia��es naturais na rugosidade do canal com o aumento do est�gio, incluindo o efeito dos fluxos de extravazamento (Fig. 2-15 na Seção 2.2), ou

  2. Altera��es morfol�gicas no atrito total do fundo, composto pelo atrito da pele e da forma, � medida que o fluxo sobe do est�gio baixo, passando pelo est�gio intermedi�rio, at� o est�gio alto (Simons e Richardson, 1966).


F�rmulas emp�ricas para o n de Manning

Diversas correla��es entre n de Manning e tamanho de part�cula (di�metro do gr�o) foram desenvolvidas. Williamson (1951) correlacionou o fator de atrito de Darcy-Weisbach f com a rugosidade relativa para produzir a seguinte rela��o (Henderson, 1966):

                     ks
f  =  0,113 ( ____ ) 1/3
                     R

(5-21)

Em que:   ks = rugosidade do gr�o, em unidades de comprimento;
                R  = raio hidr�ulico.

Como f = 8 (g /C 2), a Eq. 5-21 se reduz para:

               8g                 R
C  =  ( ________ )1/2 ( _____ ) 1/6
             0.113              ks

(5-22)

Nas unidades habituais dos EUA, a Eq. 5-22 pode ser convenientemente reduzido para:

              1,486 R1/6
C  =  ________________
            0.0311 ks1/6

(5-23)

Comparando a Eq. 5-23 com a Eq. 5-20, n pode ser expresso em termos de rugosidade dos limites da seguinte forma (ks em p�s):

n  =  0,0311 ks1/6

(5-24)

Uma express�o geral para n de Manning em termos de rugosidade relativa e rugosidade absoluta � (Chow, 1959):

n  =  [f (R/ks)] ks1/6

(5-25)

Isso implica que na Eq. 5-24 a rugosidade relativa � uma constante (0,0311).

Supondo que a rugosidade dos limites possa ser representada pelo tamanho de part�cula d84, ou seja, aquele para o qual 84% dos gr�os (em peso) s�o mais finos, a Eq. 5-24 converte para:

n  =  0,0311 d841/6 (5-26)

Strickler usou uma constante (0,0342) para a fun��o de rugosidade relativa f(R/ks) e o tamanho m�dio de part�cula d50 como o di�metro representativo do gr�o, para produzir:

n  =  0,0342 d501/6 (5-27)

Já que d84 > d50, as equa��es de Strickler e Williamson s�o consideradas mutuamente consistentes.

A Tabela 5-2 mostra os valores n de Manning calculados com a f�rmula Strickler (Eq. 5-27).


Tabela 5-2  Valores n de Manning calculados com a fórmula de Strickler (Eq. 5-27).
Tamanho médio
da partícula d50 (pés)
Coeficiente n
de Manning
0,0001 0,007
0,001 0,011
0,01 0,016
0,1 0,023
1 0,034


Hist�ria da F�rmula de Manning

Robert Manning nasceu na Normandia, Fran�a, em 1816, e morreu em 1897. Em 1826, mudou-se para Waterford, na Irlanda, e trabalhou como contador.

Em 1846, durante o ano da grande fome, Manning foi recrutado para a Divis�o de Drenagem Arterial do Gabinete Irland�s de Obras P�blicas. Depois de trabalhar como desenhista por um tempo, foi promovido a engenheiro assistente. Em 1848, tornou-se engenheiro distrital, cargo que ocupou at� 1855. Como engenheiro distrital, leu "Trait� d'Hydraulique" de d'Aubisson des Voissons, ap�s o qual desenvolveu um grande interesse em hidr�ulica.

De 1855 a 1869, Manning foi contratado pelo Marqu�s de Downshire, enquanto supervisionava a constru��o do Dundrum Bay Harbor, na Irlanda, e projetou um sistema de abastecimento de �gua para Belfast. Ap�s a morte do marqu�s em 1869, Manning retornou ao Gabinete Irland�s de Obras P�blicas como assistente do engenheiro-chefe. Ele se tornou engenheiro-chefe em 1874, cargo que ocupou at� sua aposentadoria em 1891.

Manning n�o recebeu nenhuma educa��o ou treinamento formal em mec�nica dos fluidos ou engenharia. Sua forma��o cont�bil e pragmatismo influenciaram o seu trabalho e o levaram a reduzir os problemas � sua forma mais simples. Ele comparou e avaliou sete f�rmulas mais conhecidas da �poca: Du Buat (1786), Eyelwein (1814), Weisbach (1845), St. Venant (1851), Neville (1860), Darcy e Bazin (1865) e Ganguillet e Kutter (1869). Em seguida, calculou a velocidade obtida de cada f�rmula para uma determinada declividade e para o raio hidr�ulico variando de 0,25 m a 30 m. Ent�o, para cada condi��o, ele encontrou o valor m�dio das sete velocidades e desenvolveu uma f�rmula que melhor se ajustou aos dados.

A f�rmula original de melhor ajuste de Manning foi a seguinte:

V = 32 [RS (1 + R1/3)]1/2

A qual, posteriormente, ele simplificou para:

V = C Rx S1/2

Em 1885, Manning atribuiu a x o valor de 2/3 e escreveu sua f�rmula da seguinte maneira:

V = C R2/3 S1/2

Em uma carta a Flamant, Manning afirmou: "O rec�proco de C corresponde intimamente ao de n , conforme determinado por Ganguillet e Kutter; ambos C e n s�o constantes para o mesmo canal".

Em 4 de dezembro de 1889, aos 73 anos de idade, Manning prop�s a sua f�rmula � Institui��o de Engenheiros Civis da Irlanda. Essa f�rmula viu a luz em 1891, em um artigo escrito por ele intitulado "Sobre o fluxo de �gua em canais e tubula��es abertas", publicado nas Transactions of the Institution of Civil Engineers (Irlanda).

Manning n�o gostou de sua pr�pria equa��o por dois motivos: primeiro, era dif�cil naqueles dias determinar a raiz c�bica de um n�mero e depois elev�-la ao quadrado utilizando a pot�ncia 2/3. Al�m disso, a equa��o estava dimensionalmente incorreta e, para obter a corre��o dimensional, ele desenvolveu a seguinte equa��o:

V = C (gS)1/2 [R1/2 + (0,22/m1/2 )(R - 0.15 m)]

Na qual = m = "altura de uma coluna de merc�rio que equilibra a atmosfera" e C = "n�mero adimensional que variava com a natureza da superf�cie".

No entanto, nos livros did�ticos do final do s�culo XIX, a f�rmula de Manning foi escrita da seguinte maneira:

V = (1/n) R2/3 S1/2

Por meio do seu "Manual de Hidr�ulica", King (1918) levou à generalização da f�rmula de Manning, na forma como � conhecida hoje, bem como � aceita��o de que o coeficiente de Manning C deve ser o inverso do n de Kutter .

Nos Estados Unidos, n � referido como coeficiente de atrito de Manning, ou simplesmente n de Manning. Na Europa, o Strickler K � o mesmo que o Cn de Manning , ou seja, o rec�proco de n. Quando K � usado no lugar de n, a equa��o de Manning � chamada de equa��o de Manning-Strickler ou Strickler.


5.4  COEFICIENTE DE RUGOSIDADE DE MANNING

[Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]  

Dada a Eq. 5-17 (ou 5-18), uma vez conhecidas tr�s das vari�veis, a quarta pode ser calculada. Normalmente, R e S s�o conhecidos e n � estimado, a partir do qual V pode ser calculado. Este � o m�todo direto, a maneira mais t�pica de usar a equa��o de Manning.

Quando maior precis�o � necess�ria, ou ent�o, quando n n�o pode ser estimado com total certeza, recomenda-se uma medi��o da velocidade V , juntamente com a medi��o do raio hidr�ulico R e da inclina��o do canal Sn , para calcular n . Este procedimento � chamado de m�todo inverso ou m�todo de calibra��o. Na pr�tica, a maioria dos aplicativos usou o m�todo direto.


Estimativa do coeficiente n de Manning

N�o existe m�todo ou procedimento exato para estimar o n de Manning . Um conjunto comprovado de recomenda��es � dado abaixo.

Recomenda��es para a estimativa do coeficiente n de Manning

  1. Compreender os fatores que afetam o valor de n de Manning e proceder de acordo.

  2. Consultar uma tabela de valores t�picos e basear a estimativa no julgamento e na experi�ncia.

  3. Consultar v�rias cole��es pict�ricas para as quais o valor de n de Manning foi documentado com precis�o suficiente.

  4. Familiarizar-se com a apar�ncia de canais t�picos pelos quais os valores de n de Manning s�o conhecidos.


Chow (1959) apresentou uma cole��o pict�rica de vinte e quatro (24) canais t�picos para os quais o n de Manning foi estabelecido. Os valores documentados por Chow variam de n = 0,012 (um canal revestido com lajes de concreto, com superf�cie muito lisa) at� n = 0,150 (um rio natural em solo argiloso, inclina��es laterais irregulares e fundo irregular). Chow (1959) listou valores do coeficiente de Manning t�o baixo quanto n = 0,008 (lucite, pl�stico acr�lico) at� t�o alto quanto n = 0,200 (plan�cies de inunda��o de c�rregos naturais, com salgueiros densos, no ver�o) (Tabela 5-4). Esses valores s�o aplic�veis escoamento de canais no regime turbulento.

Barnes (1967) apresentou uma cole��o pict�rica colorida de cinquenta (50) canais de fluxo t�picos nos Estados Unidos, para os quais o n de Manning havia sido calculado por calibra��o. A cole��o Barnes pode ser visualizada online em Caracter�sticas de rugosidade dos canais naturais. O valor mais baixo de n de Manning documentado por Barnes � n = 0,024, para o rio Columbia em Vernita, Washington (Fig. 5-3). O valor mais alto de n de Manning � n = 0,075, para Rock Creek, perto de Darby, Montana (Fig. 5-4).

Rio Columbia em Vernita

Fig. 5-3  Rio Columbia em Vernita, Washington, EUA.

C�rrego Rock pr�ximo de Darby

Fig. 5-4  Córrego Rock próximo de Darby, Montana, EUA.

Arcement e Schneider (1989) apresentaram uma cole��o pict�rica colorida de quinze (15) plan�cies de inunda��o t�picas no sudeste dos Estados Unidos, para as quais o n de Manning foi calculado por calibra��o. A cole��o Arcement e Schneider pode ser visualizada online nos Coeficientes de rugosidade de Manning para canais naturais e plan�cies de inunda��o. O valor mais baixo de n de Manning, documentado por Arcement e Schneider, � n = 0,100, correspondendo a Cypress Creek, perto de Downsville, Louisiana (Fig. 5-5). O valor mais alto � n = 0,200, correspondendo a Thompson Creek, perto de Clara, Mississippi (Fig. 5-6).

C�rrego Cypress pr�ximo de Downsville

Fig. 5-5  Córrego Cypress próximo de Downsville, Louisiana.

C�rrego Thompson pr�ximo de Clara

Fig. 5-6  Córrego Thompson próximo de Clara, Mississippi.

Fatores que afetam os n de Manning

Na pr�tica, o valor de n de Manning � altamente vari�vel. Nos canais naturais dos rios, pode variar de um pouco mais baixo que 0,020 para alguns rios muito grandes, com um limite relativamente suave (Fig. 5-7), e mais alto que 0,200 para pequenos riachos em c�rregos �ngremes nas montanhas (Fig. 5-8). Os v�rios fatores que afetam o coeficiente de rugosidade de Manning est�o listados na Tabela 5-3.

Rio Paraguai no Forte Coimbra

Fig. 5-7  Rio Paraguai no Forte Coimbra, Mato Grosso do Sul, Brasil.

C�rrego Rachichuela na bacia do rio La Leche

Fig. 5-8  Córrego Rachichuela na bacia do rio La Leche, Lambayeque, Peru.

Tabela 5-3 Fatores que afetam o coeficiente de rugosidade de Manning.
Fator Descrição
Rugosidade superficial

Tamanhos de gr�os finos levam a valores baixos, enquanto tamanhos de gr�os grossos levam a valores altos.

Vegetation

Tipo, altura, densidade e distribui��o espacial da vegeta��o t�m um papel definido em afetar a velocidade do fluxo. Os valores de n nos canais com vegeta��o podem exceder 0,250 e, em alguns casos, subir para 0,400 ou mais.

Irregularidades do Canal

Barras de areia, cristas, depress�es e buracos no leito do canal criam rugosidade adicional na forma de perdas de energia locais.

Alinhamento do canal

Geralmente, um canal reto apresentar� um n mais baixo, enquanto um canal sinusal ter� um n maior. A sinuosidade pode aumentar a rugosidade do canal em at� 30% (Chow, 1959).

Degradação

Altera��es na morfologia do canal aumentar�o/diminuir�o a rugosidade de maneiras imprevis�veis. O efeito depender� do tipo de material que forma o leito, da propor��o largura/profundidade (propor��o) e da quantidade de sedimento que est� sendo transportada (carga de sedimento).

Obstruções do canal

Atolamentos de toras, pilares de pontes e outras obstru��es tendem a aumentar a rugosidade do canal. O efeito depender� do tipo de obstru��es, tamanho relativo, forma, n�mero e distribui��o espacial.

Tamanho e forma do canal

Geralmente, canais menores t�m rugosidade maior, enquanto canais maiores t�m rugosidade menor (compare a Figura 5-7 com a Figura 5-8 acima). A propor��o tipicamente mais alta de canais maiores tende a diminuir a rugosidade.

Estágio e vazão

A rugosidade varia de acordo com o est�gio e a vazão de maneiras amplamente imprevis�veis. As velocidades m�dias variam de est�gio muito baixo a est�gio muito alto em padr�es complexos. Um esbo�o t�pico � mostrado na Fig. 2-15.

Estação do ano

Para canais vegetados ou canais revestidos com vegeta��o, a rugosidade da superf�cie aumenta durante a esta��o de crescimento e diminui durante a esta��o de dormência, sujeita a um efeito latitudinal.

Carga em suspensão e sedimentos
no leito

O transporte de sedimentos, como carga suspensa ou carga no leito, consumir� energia adicional e levar� a aumentos no atrito geral do canal.


Cowan (1956) desenvolveu uma metodologia racional para estimar o n de Manning. A equa��o de Cowan �:
 
n  =  (no  +  n1  +  n2  +  n3  +  n4 ) m5
 
(5-28)

Em que:

  • no = valor básico de n para um canal reto, uniforme e declividade suave;

  • n1 = valor adicional para compensar irregularidades na superf�cie;

  • n2 = valor adicional considerando as varia��es no tamanho e formato da se��o transversal;

  • n3 = valor adicional para a compensação das obstru��es;

  • n4 = valor adicional para para a compensação do efeito da vegeta��o nas condi��es de escoamento;

  • m5 = fator relacionado à sinuosidade do canal (meandros).

A Tabela 5-3 lista os valores apropriados a serem usados na Eq. 5-28.


Tabela 5-3  Correções do n de Manning (Eq. 5-21)
Condições do canal Valores
Tipo de material nas margens do do canal Terra Areia, silte e argila no 0,020
Corte de rocha Afloramento rochoso ou rocha 0,025
Cascalho fino Cascalho de até 8 mm de diâmetro 0,024
Cascalho grosso Cascalho de mais de 8 mm de diâmetro 0,028
Grau de irregularidades na superfície Liso Melhor condição de regularidade n1 0,000
Pouco Canais bem dragados, suavemente erodidos nas declividades laterais. 0,005
Moderado Regularmente a pouco dragados, moderadamente erodidos nas laterais. 0,010
Severo Canais fortemente erodidos, com superf�cies altamente irregulares ou escavados de forma irregular em rochas 0,020
Variações em forma e tamanho da seção do canal Gradual Variações suaves ou pequenas n2 0,000
Alternando ocasionalmente Seções grandes e pequenas alternando ocasionalmente, mudança ocasional do escoamento principal de um lado para o outro 0,005
Alternando frequentemente Seções grandes e pequenas alternando frequentemente, mudança frequenteo escoamento principal de um lado para o outro 0,010-0,015
Efeito das obstruções Não significativo (a) A extensão referente à qual as obstruções ocupam ou reduzem a área de escoamento, (b) a característica das obstruções (objetos pontudos ou com àngulos induzem maior turbulência que os objetos curvos ou com superfícies lisas), (c) posicionamento e espaçamento das obstruções, transversal ou longitudinalmente, no trecho do canal sendo considerado n3 0,000
Pequeno 0,010-0,015
Considerável 0,015-0,030
Severo 0,030-0,060
Efeito da vegetação Baixo Vegetação rasteira ou turfa, onde a profundidade de fluxo é 2 a 3 vezes a altura da vegetação n4 0,005-0,010
Médio Vegetação rasteira ou turfa, onde a profundidade de fluxo é 1 a 2 vezes á altura da vegetação 0,010-0,025
Alto Vegetação rasteira ou turfa, onde a profundidade de fluxo é igual à altura da vegetação 0,025-0,050
Muito alto Vegetação rasteira ou turfa, onde a profundidade de fluxo é menor que a metade da altura da vegetação 0,050-0,100
Sinuosidade do canal Baixa Sinuosidade menor que 1,2 m5 1,00
Média Sinuosidade entre 1,2 and 1,5 1,15
Alta Sinuosidade maior que 1,5 1,30

A Tabela 5-4 lista os valores de n de Manning para canais de v�rios tipos, compilados por Chow (1959). Para cada tipo de canal, os valores m�nimo, normal e m�ximo de n s�o mostrados. Os valores normais s�o recomendados apenas para canais com boa manuten��o. Os valores geralmente recomendados para o projeto s�o mostrados em negrito.


Tabela 5-4  Faixa recomendada dos valores de n de Manning. 1
1 2 3 4 Tipo de canal e descrição Mínimo Normal Máximo
A Condutos forçados parcialmente preenchidos
  A-1 Metal
    a. Latão liso 0,009 0,010 0,013
    b. A�o
      1. Travado e soldado 0,010 0,012 0,014
      2. Rebitado e espiral 0,013 0,016 0,017
    c. Ferro fundido
      1. Revestido 0,010 0,013 0,014
      2. Não revestido 0,011 0,014 0,016
    d. Ferro forjado
      1. Negro 0,012 0,014 0,015
      2. Galvanizado 0,013 0,016 0,017
    e. Metal corrugado
      1. Subdreno 0,017 0,019 0,021
      2. Galeria pluvial 0,021 0,024 0,030
1 Chow, V. T. 1959. Open-channel hydraulics. McGraw-Hill, New York.

 Clicar -aqui- para obter a Tabela 5-4 completa.


5.5  DETERMINAÇ�O DO ESCOAMENTO UNIFORME

[Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]  

Da Eq. 5-2, a vazão no fluxo de canal aberto �:

Q  =  V A  =  C R x S y A

(5-29)

A equa��o 5-29 pode ser expressa da seguinte maneira:

Q  =  K S y  =  K S 1/2

(5-30)

Em que:  K = transporte, definido como:

K  =  C R x A

(5-31)

Ou, alternativamente:

            Q
K  =  ______
          S 1/2

(5-32)

De acordo com Ch�zy:

K  =  C A R 1/2

(5-33)

Segundo Manning, em unidades do SI:

           1
K  =  ____  A R 2/3
           n

(5-34)

Nas unidades habituais dos EUA:

           1,486
K  =  ________  A R 2/3
              n

(5-35)

O transporte K cont�m informa��es sobre atrito, tamanho e forma da se��o transversal e � independente da inclina��o do canal.


Canais com rugosidade composta

Um canal que transborda geralmente possui mais de um valor de n de Manning, um para a parte interna do escoamento e dois adicionais, um para a margem esquerda e outro para a direita (Fig. 5-9). Um valor composto de n de Manning pode ser calculado sob a suposi��o de que as velocidades para as tr�s subse��es (interna, margem esquerda e direita) permanecem as mesmas. Embora essa suposi��o seja conveniente, ela evita a poss�vel n�o uniformidade de fluxo na se��o transversal composta.

Considere um canal de rugosidade vari�vel ao longo do seu per�metro �mido, com N sendo o n�mero de subse��es. Os per�metros molhados s�o: P1, P2, P3, ..., PN. Supondo que todas as velocidades são iguais:

V1 = V2 = V3 = VN = V

(5-36)

Para qualquer subse��o i :

           1
Vi  =  ____  Ri 2/3 S 1/2
           ni

(5-37)

           1
Vi  =  ____  (Ai / Pi ) 2/3 S 1/2
           ni

(5-38)

A �rea de fluxo da subse��o i �:

             Vi 3/2 ni 3/2 Pi
Ai  =  _________________
                   S 3/4

(5-39)

A �rea total de fluxo do canal �:

             V 3/2 n 3/2 P
A  =  _________________
                   S 3/4

(5-40)

A �rea total do fluxo � igual � soma das sub�reas. Portanto:

 
V 3/2 n 3/2 P  =  (Vi 3/2 ni 3/2 Pi )

(5-41)
                         N

Da Eq. 5-36, todas as velocidades s�o iguais. Assim, a Eq. 5-41 reduz para:

 
n 3/2 P  =  (ni 3/2 Pi )

(5-42)
                 N

Assim, o valor de n de Manning para um canal de se��o transversal composta �:

    
               (ni 3/2 Pi )
               N
n  =  [ _________________ ] 2/3
                        P
 
(5-43)

Se��o transversal composta de um canal

Fig. 5-9  Seção transversal composta de um canal.

Canais de se��o transversal composta

A se��o transversal de um canal pode ser composta por v�rias subse��es distintas, e cada uma delas pode ter uma rugosidade diferente. Por exemplo, um canal aluvial sujeito a inunda��es sazonais geralmente consiste em um canal principal e dois canais laterais (Fig. 5-9). Os canais laterais s�o geralmente mais �speros que o canal principal; portanto, a velocidade m�dia no canal principal � geralmente maior que a dos canais laterais. A equa��o de Manning pode ser aplicada separadamente a cada subse��o e a vazão total � igual � soma das vazãos da subse��o. Para o canal como um todo, a velocidade m�dia � igual � vazão total dividida pela �rea total.

O coeficiente de distribui��o de velocidade aplic�vel a todo o canal � diferente dos coeficientes de distribui��o de velocidade aplic�veis a cada subse��o. O coeficiente de distribui��o de velocidade total pode ser calculado como explicado abaixo.

Suponha um n�mero total de subsec��es N e v�rias subsec��es i que variam de 1 a N. Da continuidade (Eq. 2-4):

Qi  =  Vi Ai

(5-44)

Em que:   Qi = vazão atrav�s subsec��o i;
                Vi = velocidade m�dia atrav�s subse��o i na �rea de fluxo Ai.

Al�m disso, da Eq. 5-30:

Qi  =  Ki S 1/2

(5-45)

Em que:   Ki = transporte atrav�s subse��o i (Eq. 5-33 ou 5-34).

Combinando as Eqs. 5-44 e 5-45:

Vi  =  (Ki / Ai) S 1/2

(5-46)

A vazão total �:

               N
Q  =  Q i
       i = 1

(5-47)

Usando a Eq. 5-45 na Eq. 5-47:

                     N
Q  =  ( Σ Ki )  S 1/2
            i = 1

(5-48)

Da Eq. 2-4, Q = V A. Portanto:

                    N
V  =  ( Σ Ki ) ( S 1/2 / A )
           i = 1

(5-49)

Da Eq. 2-24, o coeficiente de energia � reafirmado da seguinte forma:

                     N
            Σ Vi 3 Ai
           i = 1
α  =  _____________                 

               V 3A

(5-50)

Da mesma forma, da Eq. 2-31, o coeficiente de momento �:

                     N
            Σ Vi 2 Ai
           i = 1
β  =  _____________                 

               V 2A

(5-51)

Substituindo as Eqs. 5-46 e 5-49 em 5-50, o coeficiente de energia composto α, aplic�vel a toda a se��o transversal, � obtido:


                                    N
             A2 [  Σ (αi Ki 3 / Ai 2 ) ]
                     i = 1
α  =  ____________________________                 
                                        N
                     ( Σ Ki ) 3
                        i = 1

(5-52)

Da mesma forma, substituindo as Eqs. 5-46 e 5-49 em 5-51, o valor composto de β �:


                                 N
             A [  Σ (βi Ki 2 / Ai ) ]
                   i = 1
β  =  ____________________________                 
                                        N
                     ( Σ Ki ) 2
                        i = 1

(5-53)

 Exemplo 5-1.

Calcule os coeficientes α e β no pico do fluxo em um canal natural de se��o transversal composta (ver Fig. 5-9), com os seguintes dados geom�tricos e hidr�ulicos (Adaptado de Chow, 1959):

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)
i Descrição Área de
fluxo
A (pés2)
Perímetro
molhado
P (pés)
Manning
n
α β
1 Canal principal 5360 225 0,035 1,10 1,04
2 Canal de extravazamento
da margem esquerda
5710 405 0,040 1,11 1,04
3 Canal de extravazamento
da margem direita
6030 480 0,045 1,13 1,05


Solu��o: Para cada componente i, use a Eq. 5-35 para calcular o transporte K, e com ele, os componentes das Eqs. 5-52 e 5-53. Um resumo dos resultados � mostrado na tabela a seguir.

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)
i Descrição Área de
fluxo
A (pés2)
Perímetro
molhado
P
Raio
Hidráulicoc
R (pés)(ft)
R 4/3 n K βK 2/A αK 3/A2
1 Canal principal 5,360 225 23,8 8,28 0,035 1.884.282 688.906.605 256.153.800.700
2 Canal de extravazamento da margem esquerda 5,710 405 14,10 5,84 0,040 1.,238.819 297.772.279 64.725.339.200
3 Canal de extravazamento da margem direita 6,030 480 12,56 5,40 0,045 1.075.270 201.329.329 38.636.378.030
Soma - 17,100 - - - - 4.198.371 1.188.008.213 359.515.517.900

Digite as somas de Cols. 3, 8 e 10 desta tabela na Eq. 5-52 para calcular α = 1,42. Da mesma forma, insira as somas de Cols. 3, 8 e 9 na Eq. 5-53 para calcular β = 1,15.



C�lculo do fluxo uniforme

Com refer�ncia � Fig. 5-10, a seguinte propor��o � v�lida: z /1 = x /y. Ent�o, a largura do topo T �:

            
T  =  b  +  2x  =  b  +  2zy
            
(5-54)

A �rea de fluxo A �:

A  =  (b  + x ) y  =  (b  + zy ) y             

(5-55)

Desenho esquem�tico da se��o transversal trapezoidal

Fig. 5-10  Desenho esquemático da seção transversal trapezoidal.

O per�metro molhado P �:

            
P  =  b  +  2 (y 2  +  z 2y 2 )1/2
 
(5-56)

Simplificando:
            
P  =  b  +  2 y ( 1  +  z 2 )1/2
            
(5-57)

A partir da equa��o de Manning, a vazão Q �:

            k
Q  =  _____ A  R 2/3 S 1/2
            n
(5-58)

Em que:   k = 1 em unidades SI e k = 1,486 em unidades habituais nos EUA.

Já que R = A /P, Eq. 5-58 se reduz para:

    Q n             A 5/3
_________  =  _______  
  k S 1/2          P 2/3

(5-59)

Substituindo as Eqs. 5-55 e 5-57 na Eq. 5-59:

    Q n                      [ (b  + zy ) y ] 5/3
_________  =  _____________________________  
  k S 1/2           [b  +  2 y ( 1  +  z 2 )1/2] 2/3

(5-60)

Simplificando:

                                      Q n                                                      Q n    
[ (b  + zy ) y ] 5/2  -  ( ________ ) 3/2 [ 2 y ( 1  +  z 2 )1/2 ]  -  ( ________ ) 3/2 b  =  0
                                   k S 1/2                                                   k S 1/2
(5-61)

Os dados de entrada que consistem em: (1) vazão Q , (2) largura inferior b, (3) inclina��o de tamanho z [z:H to 1:V, Fig. 5-10], (4) inclina��o inferior S, e (5) n de Manning. Com dados de entrada fornecidos, Eq. 5-61 � resolvido para a profundidade normal y. Ent�o, com Eqs. 5-54 e 5-55:

            A
D  =  ______
            T

(5-62)

            Q
V  =  ______
            A

(5-63)

A equa��o 5-61 � a f�rmula geral para fluxo uniforme ou normal, aplic�vel a canais prism�ticos de se��o transversal trapezoidal. Para um canal retangular: z = 0. Da mesma forma, para um canal triangular de se��o sim�trica: b = 0.

Para resolver a Eq. 5-61, � expresso da seguinte forma:

                                                  Q n                                                      Q n    
f (y)  =  [ (b  + zy ) y ] 5/2  -  ( ________ ) 3/2 [ 2 y ( 1  +  z 2 )1/2 ]  -  ( ________ ) 3/2 b
                                                k S 1/2                                                  k S 1/2

(5-64)

Fazendo a altera��o da vari�vel x = y para simplificar:

                                                  Q n                                                      Q n    
f (x)  =  [ (b  + zx ) x ] 5/2  -  ( ________ ) 3/2 [ 2 x ( 1  +  z 2 )1/2 ]  -  ( ________ ) 3/2 b
                                                k S 1/2                                                  k S 1/2
(5-65)

A solu��o da Eq. 5-65 � realizada por um procedimento de tentativa e erro. Um algoritmo iterativo baseado no valor da fun��o � descrito abaixo. Um exemplo de fluxo normal � mostrado na Fig. 5-11.


Algoritmo de profundidade normal com base no valor da fun��o

  1. Assim:

    Suponha um valor inicial de x = 0. Ent�o:

    f (0) = - [ ( Qn ) / (k So ) ] 3/2 b

    Como o resultado é um grande n�mero negativo, confirma-se que o valor inicial da fun��o � menor que zero.

  2. Suponha um valor inicial do intervalo de teste Δx = 1.

  3. Defina x = x + Δx

  4. Calcule f (x)

  5. Pare quando Δx < Δx TOL for 0,0001.

  6. Se f (x) < 0, retorne para a Etapa 3.

  7. Se f (x) > 0, defina Δx = 0,1 Δx

  8. Defina x = x - 9 Δx

  9. Retorne para a Etapa 4.


Fluxo normal no canal Wellton-Mohawk

Fig. 5-11   Fluxo normal no canal Wellton-Mohawk, em Wellton, Arizona, EUA.

Aproxima��o de Newton � raiz

A intera��o acima usa apenas o valor da fun��o para se aproximar da raiz. Um algoritmo mais r�pido utiliza a aproxima��o de Newton, que � baseada na tangente. Observe que, para que a itera��o de Newton funcione bem, � necess�rio primeiro se aproximar da raiz usando a itera��o de fun��o descrita acima. Caso contr�rio, o m�todo tangente de Newton pode n�o convergir.

Com refer�ncia � Fig. 5-12, o valor da tangente em xo �:

                   f(xo)
f '(xo)  =  _________
                 xo - xr

(5-66)

Em que:   xo = valor de teste atual de x ;
                f(xo) = valor da fun��o em xo ;
                xr = novo valor de x, que se aproxima da raiz.

Desenho esquem�tico da itera��o de Newton

Fig. 5-12  Desenho esquemático da iteração de Newton.

Da Eq. 5-66, resolvendo para xr :

                    f (xo)
xr  =  xo  -  ________
                    f '(xo)

(5-67)

Como mostrado na Fig. 5-12, quando f (xo) aumenta com xo (como � o caso da Eq. 5-65), � medida que a raiz � passada, o valor da fun��o e o valor da tangente s�o positivos; portanto, o denominador da Eq. 5-66 tamb�m � positivo, e xr  fica � esquerda de xo. A cada itera��o subsequente, a raiz � aproximada para valores ligeiramente superiores ou inferiores, at� que a toler�ncia especificada seja satisfeita.

� facilmente demonstrado que a Eq. 5-67 tamb�m se aplica quando f (xo) diminui � medida que xo aumenta, ou seja, como no caso de fluxo cr�tico, consulte a Se��o 4.2.

O valor de f '(x) �:

                                                                                                        Q n   
f '(x)  =  x 5/2 (5/2) (b  + zx ) 3/2 z  +  (b  + zx ) 5/2 (5/2) x 3/2  -  ( ________ ) 3/2 [ 2 ( 1  +  z 2 )1/2 ]
                                                                                                       k S 1/2

(5-68)

Simplificando a Eq. 5-68:

                                                                                              Q n   
f ' (x)  =  5 z x 5/2 (b  + zx ) 3/2  +  5 x 3/2 (b  + zx ) 5/2  -  ( ________ ) 3/2 [ 4 ( 1  +  z 2 )1/2 ]
                                                                                            k S 1/2

(5-69)

O procedimento para a aproxima��o de Newton da raiz da Eq. 5-65 � descrito abaixo.


Algoritmo de profundidade normal: aproxima��o de Newton

  1. Suponha um valor inicial de xo = 0.

  2. Suponha um valor inicial do intervalo de teste Δx = 1.

  3. Defina xo = xo + Δx

  4. Calcule f (xo)

  5. Se f (xo) < 0, retorne para a Etapa 3.

  6. Se f (xo) > 0, calcule a raiz xr  usando as Eqs. 5-65 and 5-69:
                        f (xo)
    xr  =  xo  -  ________
                        f '(xo)

  7. Pare quando (xr  -  xo)for pequeno o suficiente. Um valor t�pico da diferen�a � 0,0001.

  8. Caso contr�rio, defina xo = xr   e retorne � Etapa 6.


 Exemplo 5-2.

Usando a calculadora CANAL EM LINHA 01, calcule a profundidade normal para as seguintes condi��es de fluxo: Q = 3 m3/s; b = 5 m; z = 1; S = 0,001; n = 0,015.

calculator image 

C�LCULO ONLINE. Usando a calculadora CANAL EM LINHA 01, a profundidade normal � yn = 0,473 m; e a velocidade normal é vn = 1,16 m/s. O n�mero normal de Froude � Fn = 0,562.

 Exemplo 5-3.

Usando CANAL EM LINHA 01, calcule a profundidade normal para as seguintes condi��es de fluxo: Q = 20 ft3/s; b = 13 pés; z = 2; S = 0,0008; n = 0,013.


calculator image 

C�LCULO ONLINE. Usando CANAL EM LINHA 01, a profundidade normal é yn = 0,631 pé; a velocidade nnormal is 2,221 pés/s. O número de Froude number é Fn = 0,514.


5.6  DETERMINAÇ�O DA VAZ�O DE CHEIA

[Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]  

Os altos est�gios e as r�pidas correntes que prevalecem durante as inunda��es se combinam para aumentar o risco de acidentes e danos à população (Fig. 5-13). Portanto, geralmente n�o � poss�vel medir a vazão durante a passagem de uma inunda��o. Uma estimativa do pico de vazão pode ser obtida indiretamente pelo uso de f�rmulas de fluxo de canal aberto. Essa � a base do m�todo da �rea da inclina��o .

Flood stage in a tropical river

Fig. 5-13  Estágio de inundação em um rio tropical.

Para aplicar o m�todo da �rea da declividade para um determinado alcance do rio, s�o necess�rios os seguintes dados:

  1. O comprimento do trecho;

  2. A queda, ou seja, a mudan�a m�dia na eleva��o da superf�cie da �gua ao longo do trecho;

  3. A �rea de fluxo, o per�metro molhado e os coeficientes da carga de velocidade nas se��es transversais à montante e � jusante;

  4. O valor m�dio de n de Manning para o trecho.

As diretrizes a seguir s�o usadas na sele��o de um trecho adequado:

  1. As marcas d'�gua mais elevadas devem ser facilmente reconhec�veis (Fig. 5-14).

  2. O trecho deve ser suficientemente longo para que a queda possa ser medida com precis�o.

  3. A forma da se��o transversal e as dimens�es do canal devem ser relativamente constantes.

  4. O trecho deve ser relativamente reto, embora um alcance de contra��o seja prefer�vel a um alcance em expans�o.

  5. Pontes, curvas de canal, cachoeiras e outros recursos que causam n�o uniformidade de fluxo devem ser evitados.

Morador Local mostrando o n�vel que a �gua atingiu durante a inunda��o em Karnataka

Fig. 5-14  Morador Local mostrando o nível que a água atingiu
durante a inundação em Karnataka, India (1991).

A precis�o do m�todo da �rea da inclina��o melhora � medida que o comprimento do trecho aumenta (Fig. 5-15). Um trecho adequado deve atender a um ou mais dos seguintes crit�rios:

  1. A rela��o entre o comprimento do alcance e a profundidade hidr�ulica deve ser superior a 75,

  2. A queda deve ser maior ou igual a 0,15 m: F ≥ 0,15 m, e

  3. A queda deve ser maior que qualquer uma das cargas de velocidade calculadas nas se��es transversais àa montante e à jusante.

Slope-area method schematic

Fig. 5-15  Método esquemático de declividade-área.

O procedimento consiste nas seguintes etapas:

  1. Calcule o transporte K nas se��es à montante e à jusante:

               1
    K1 = ( __ ) A1 R1 2/3
               n

    (5-70a)

               1
    K2 = ( __ ) A2 R2 2/3
               n

    (5-70b)

    Em que:   K = transporte;
                    R = raio hidr�ulico;
                    n = valor m�dio de Manning n no trecho.

    Nas Eq. 5-70a e 5-70b, os índices 1 e 2 denotam as se��es à montante e à jusante, respectivamente. Ambas estão em unidades do SI.

  2. Calcule a condu��o do trecho, igual � m�dia geom�trica dos transportes à montante e à jusante:

    K = ( K1 K2 )1/2

    (5-71)

    Em que:   K = condu��o do trecho.

  3. Calcule a primeira aproxima��o � inclina��o da energia:

               F
    S  =   ___
               L

    (5-72)

    Em que:   S = primeira aproxima��o � inclina��o da energia;
                    F = queda;
                    L = comprimento do trecho.

  4. Calcule a primeira aproxima��o ao pico de vazão:

    Qi  =  K S 1/2

    (5-73)

    Em que:   Qi  = primeira aproxima��o para a vazão de pico.

  5. Calcule as cargas de velocidade:

               α1 ( Qi /A1 ) 2
    hv1 =  ______________
                       2g

    (5-74a)

               α2 ( Qi /A2 ) 2
    hv2 =  ______________
                       2g

    (5-74b)

    Em que:   hv1 = carga de velocidade à montante;
                    hv2 = carga de velocidade à jusante;
                    α1 = coeficiente de carga de velocidade à montante;
                    α2 = coeficiente de carga de velocidade à jusante;
                    g = aceleração da gravidade.

  6. Calcule um valor atualizado da inclina��o da energia:

               F + k ( hv1 - hv2 )
    Si =  ___________________
                         L

    (5-75)

    Em que:   Si = valor atualizado da inclina��o da energia;
                     k = coeficiente de perda.

    Para a expans�o do fluxo, ou seja, quando A2 > A1, k = 0,5; para o contração do fluxo, ou seja, para A1 > A2, k = 1.

  7. Calcule um valor atualizado do pico de vazão:

    Qi  =  K Si 1/2

    (5-76)

  8. Volte � Etapa 5 e repita as Etapas 5 a 7. O procedimento � encerrado quando a diferen�a entre dois valores sucessivos de pico de vazão Q obtidos na Etapa 7 � insignificante. Na pr�tica, isso geralmente � realizado com pelo menos duas itera��es.

 Exemplo 5-4.

Calcule a vaz�o de inunda��o pelo m�todo da �rea de declive, considerando os seguintes dados: comprimento do trecho L = 1,450 m; queda F = 2,2 m; valor médio do n de Manning no trecho = 0,035; �rea de fluxo à montante A1 = 432 m2; perímetro molhado à montante P1 = 85 m; coeficiente de carga da velocidade à montante α1 = 1,15; �rea de fluxo à jusante A2 = 455 m2; perímetro molhado àjusante P2 = 92 m; e coeficiente de carga da velocidade à jusante α2 = 1,12.


Solu��o: Use a Eq. 5-70 para calcular a conduçãoo da montante e da jusante K1 = 36.486 and K2 = 37.736, respectivamente. Em seguida, use a Eq. 5-71 para calcular a condução média do trecho K = 37.106. Use a Eq. 5-72 para calcular a primeira aproxima��o (i = 0) � declividade da energia. Use a Eq. 5-73 para calcular a primeira aproxima��o (i = 0) � vazão de pico. Prossiga de forma recursiva. Um resumo � mostrado na tabela a seguir.

(1) (2) (3) (4) (5)
i hv1
(m)
hv2
(m)
Declividade
da energia
S
Vazão
de pico
Q (m3/s)
0 - - 0,001517 1.445,3
1 0,656 0,576 0,001545 1.458,4
2 0,668 0,586 0,001546 1.458,7

A coluna 5 mostra o pico de vazão calculado ap�s cada passagem pela Eq. 5-73. O pico final de vazão � mostrado para a Linha i = 2, Coluna 5 (segunda e �ltima itera��o).


calculator image 

C�LCULO ONLINE. Usando a calculadora EM LINHA DECLIVE AREA, a vazão de inundação é: Q = 1.458,6 m3/s.


5.7  ESCOAMENTO SUPERFICIAL UNIFORME

[Quest�es]   [Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]  

O escoamento na planície de inundação de uma bacia � conhecido como fluxo superficial. Nesse caso, a profundidade do fluxo � normalmente muito pequena em compara��o com a largura. Sob essas condi��es, o fluxo pode ser laminar ou turbulento, dependendo da rugosidade absoluta e relativa. Se as velocidades e as profundidades do fluxo s�o suficientemente pequenas, o fluxo pode ser laminar; caso contr�rio, o fluxo pode ser transit�rio ou turbulento, dependendo do n�mero de Reynolds (Se��o 1.4).

No fluxo superficial, geralmente existe um regime laminar-turbulento misto. Esse tipo de fluxo � caracterizado por mudan�as do regime laminar para turbulento sob as condi��es de fluxo espacialmente variadas normalmente encontradas no fluxo superficial da bacia hidrogr�fica. Sob condi��es de fluxo laminar, o expoente da classifica��o para fluxo de superf�cie � β = 3. Sob condi��es de fluxo turbulento, o expoente � β = 3/2 = 3/2 para o atrito de Ch�zy e β = 5/3 para o atrito de Manning. Os regimes mistos de fluxo laminar-turbulento apresentam valores de β variando entre laminar e turbulento.


Fluxo de superf�cie laminar

Com refer�ncia � Fig. 5-16, a tens�o de cisalhamento de atua��o no n�vel P �:

τa  =  γ (ym - y ) S

(5-77)

De acordo com a lei de viscosidade de Newton, a tens�o de cisalhamento de resist�ncia em P � proporcional ao gradiente de velocidade vertical:

                dv
τr  =  μ   _____
                dy

(5-78)

Em que:   μ = constante de proporcionalidade referida como viscosidade din�mica.

Desenho esquem�tico do escoamento superficial uniforme

Fig. 5-16  Desenho esquemático do escoamento superficial uniforme.

Igualando as tens�es de a��o e resist�ncia:

       dv
μ   _____  =  γ (ym - y ) S
       dy

(5-79)

Na forma diferencial:

       
μ dv    =  γ (ym - y ) S dy
       
(5-80)

A densidade de massa  γ = ρg e a viscosidade din�mica μ = ρν, na qual ν = viscosidade cinem�tica. Assim, a Eq. 5-80 se reduz para:

            gS
dv  =  _____  (ym - y ) dy
             ν

(5-81)

Integrando a Eq. 5-81:

            gS
v  =  _____  (ym - y ) dy
             ν

(5-82)


          gS                    y 2
v  =  _____  [ ym y  -  _____ ]  +  C
           ν                      2

(5-83)

Em que:   C = constante de integra��o.

Para v = 0, y = 0. Portanto, C = 0, e a rela��o velocidade-profundidade m�dia do fluxo �:

 
          gS                    y 2
v  =  _____  [ ym y  -  _____ ]
           ν                      2

(5-84)

A Equa��o 5-84 revela que o perfil de velocidade do fluxo superficial uniforme tem uma distribui��o parab�lica.

A classifica��o de profundidade da vazão � obtida pela integra��o da Eq. 5-84 entre os limites de 0 e ym, ou seja, do fundo para a superf�cie, para produzir:

 
                         gS                         y 2
q  =  v dy  =  _____    [ ym y  -  _____ ] dy
                          ν                           2

(5-85)

 
          gS       ym 2       ym 3
q  =  _____  [ _____  -  _____ ]
           ν          2            6

(5-86)

Que se reduz a:

 
           gS              
q  =  ______   ym 3
           3ν          

(5-87)

Ou:

q  =  CL ym 3

(5-88)

Em que:   CL = coeficiente da taxa de vazão laminar, que é definido como:

 
             gS
CL  =  ______  
             3ν          

(5-89)

Observe que, sob fluxo laminar, o expoente da classifica��o de vazão � β = 3 (Eq. 5-88), e a classifica��o � uma fun��o do atrito interno, ou viscosidade interna, representada pela viscosidade cinem�tica ν. Assim, o fluxo laminar � uma fun��o da temperatura.

Dada a Eq. 5-77, a velocidade m�dia no fluxo laminar, v = q /ym, �:

v  =  CL ym 2

(5-90)

A taxa de vazão turbulenta de Ch�zy �:


q  =  C S 1/2 ym 3/2

(5-91)

A taxa de vazão turbulenta de Manning em unidades do SI �:


q  =  (1/n) S 1/2 ym 5/3

(5-92)

Da mesma forma, em unidades habituais nos EUA �:


q  =  (1.486 / n) S 1/2 ym 5/3

(5-93)

Observa-se que o expoente da classifica��o varia de β = 3 para fluxo laminar (Eq. 5-88) a β = 3/2 para atrito turbulento de Ch�zy (Eq. 5-91) ou β = 5/3 para fric��o de tripula��o turbulenta (Eq. 5-92). No fluxo superficial uniforme, os valores de β na faixa entre laminar e turbulento representam a condi��o do fluxo laminar-turbulento misto (Se��o 1.3).

O n�mero de Vedernikov �:

             (β - 1) v              
V  =  ____________  
             (g y )1/2          

(5-94)

Sob V  =  1, o fluxo � neutro e est�vel, promovendo o desenvolvimento de ondas de rolagem (Fig. 5-17). A rela��o entre o expoente β e o n�mero Vedernikov V � descrita abaixo.


Rela��o entre o expoente β e o n�mero de Vedernikov

  • Sob condi��es laminares:  β = 3. Assim, V  =  F. Portanto, sob condi��es laminares, o fluxo se torna inst�vel quando F  =  0,5.

  • Sob condi��es turbulentas de Ch�zy:  β = 1,5. Assim, V  =  0.5F. Portanto, sob condi��es turbulentas de Ch�zy, o fluxo se torna inst�vel quando F  =  2.

  • Sob condi��es de tripula��o turbulentas:  β = 5/3. Assim, V  =  (2/3)F. Portanto, sob condi��es turbulentas de tripula��o, o fluxo se torna inst�vel quando F  =  3/2, isto é, F  =  1,5.



 Exemplo 5-5.

Calcular o n�mero de Vedernikov, dado: velocidade de fluxo v = 1 m / s; profundidade do fluxo y = 1 m; e expoente da taxa da �rea de vazão β = 1,63.


Solução: Usando a Eq. 5-94: V = (β - 1) v / (gy) = 0,201.


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C�LCULO ONLINE. Usando a calculadora EM LINHA VEDERNIKOV, o resultado obtido para o número deVedernikov é: V = 0,201.

Ondas de rolagem no vertedouro do reservat�rio de Turner

Fig. 5-17  Ondas de rolagem no vertedouro do reservatório de Turner, no Condado de San Diego, California, EUA.


QUEST�ES

[Problemas]   [Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]  

  1. Quando o fluxo uniforme se torna inst�vel?

  2. No que a f�rmula do Chezy se baseia?

  3. Qual � a diferen�a entre as f�rmulas de Manning e Chezy?

  4. Qual � o valor m�nimo do n de Manning que pode ser alcan�ado na pr�tica?

  5. Qual � o intervalo de valores de n de Manning medido por Barnes?

  6. Qual � o intervalo de valores de n de Manning medido por Arcement e Schneider para plan�cies de inunda��o?

  7. Por que o c�lculo da rugosidade composta que usa a Eq. 5-43 é considerado apenas uma aproxima��o?

  8. Quais s�o as cinco vari�veis de entrada usadas no c�lculo do fluxo uniforme em um canal trapezoidal?

  9. Por que � melhor usar a aproxima��o de Newton para a raiz, ao invés de depender apenas da aproxima��o de fun��es para resolver o problema de profundidade normal?

  10. Qual � a raz�o m�nima entre o comprimento do trecho e a profundidade hidr�ulica no m�todo da �rea de inclina��o?

  11. Qual � o expoente da taxa de vazão/profundidade sob condi��es de fluxo laminar?

  12. Qual � o expoente da taxa de vazão/profundidade sob o atrito turbulento do Chezy em canais hidraulicamente amplos?

  13. Qual � o expoente da taxa de vazão/profundidade sob o atrito turbulento de Manning em canais hidraulicamente amplos?

  14. Sob qual valor do n�mero de Froude � prov�vel que o fluxo se torne inst�vel sob condi��es de fluxo laminar?


PROBLEMAS

[Refer�ncias]      [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]  

  1. Prove que o fator de atrito de Darcy-Weisbach est� relacionado ao n de Manning pela seguinte rela��o:

    fD = 8 g n 2 / (k 2 R 1/3)

    Em que: fD = fator de atrito de Darcy-Weisbach, g = acelera��o da gravidade, R = raio hidráulico, e k = constante espec�fica para o sistema de unidades, igual a 1 em unidades SI e 1,486 em unidades habituais nos EUA. Expresse a rela��o em unidades habituais do SI e dos EUA.

  2. Calcule a vazão Q usando a equa��o de Manning, dado que: �rea de fluxo A = 23,5 ft2; raio hidr�ulico R = 5,6 ft; inclina��o do canal S = 0,0025; Coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,035.

  3. Calcule a vaz�o Q usando a equa��o de Manning, dado que: �rea de fluxo A = 45 m2; raio hidr�ulico R = 6 m; inclina��o do canal S = 0,003; Coeficiente de rugosidade de Manning n = 0,04.

  4. Dado f = 0,0025, calcule a vaz�o Q for uma �rea de fluxo A = 12,4 m2, raio hidr�ulico R = 2,1 m; e inclina��o do canal S = 0,0015.

  5. Dado f = 0,0035, calcule a vaz�o Q for uma �rea de fluxo A = 18 pés2, raio hidr�ulico R = 4,5 pés; e inclina��o do canal S = 0,0018.

  6. Use a caculadora CANAL EM LINHA 01 para calcular a profundidade normal, velocidade e n�mero de Froude para o seguinte caso: Q = 150 m3/s, b = 10 m, z = 2, So = 0,0005, n = 0,025.

  7. Use a caculadora CANAL EM LINHA 01 para calcular a profundidade normal, velocidade e n�mero de Froude para o seguinte caso: Q = 250 cfs (pés cúbicos por segundo), b = 20 pés, z = 1, So = 0,001, n = 0,030.

  8. Use a caculadora CANAL EM LINHA 15, para cacular a vazão do canal prismático com b = 20 p�s, y = 3 p�s, z = 2, n = 0,025, S = 0,0016.

    Desenho esquem�tico do canal trapezoidal

    Fig. 5-18  Desenho esquemático do canal trapezoidal.

  9. Use a caculadora CANAL EM LINHA 15, para cacular a vazão do canal prismático com b = 6 m, y = 1 m, z = 1,5, n = 0,015, S = 0,0002.

  10. Uma inunda��o recente em Clearwater Creek deixou marcas de �gua observ�veis em um determinado trecho do rio. Para estimar a magnitude da inunda��o, os dados hidr�ulicos foram medidos em duas se��es transversais A e B, a uma dist�ncia de 1.850 p�s de dist�ncia. A queda do trecho entre as se��es transversais � de 9,1 p�s e o n m�dio de Manning � de 0,035. A �rea de fluxo à montante, o per�metro molhado e o coeficiente α de Coriolis s�o 550 p�s2, 55 p�s e 1,17; a �rea de fluxo à jusante, o per�metro molhado e o coeficiente α s�o 620 p�s2, 52 p�s e 1,10. Use a calculadora EM LINHA DECLIVE AREA da �rea de declive para calcular a vazão de inunda��o.

  11. Calcule a vazão de largura unit�ria em um plano de fluxo terrestre, sob fluxo laminar, com profundidade m�dia de 1,5 cm e inclina��o de 0,001. Assuma a temperatura da �gua T = 20oC. Relate a vazão em L/s/m.

  12. Usando o c�lculo diferencial, encontrar a profundidade relativa y/D em que a vazão � m�xima em um bueiro circular de di�metro D. Explique o motivo desse comportamento.


REFER�NCIAS

   [Topo]   [Escoamento Uniforme]   [F�rmula de Chézy]   [F�rmula de Manning]   [Coeficiente de Rugosidade de Manning]   [Determinaç�o de Escoamento Uniforme]   [Determinaç�o da Vaz�o de Cheia]   [Escoamento Superficial Uniforme]   [Quest�es]   [Problemas]  

Arcement, G. J. e V. R. Schneider. 1989. Guide for selecting Manning's roughness coefficients for natural channels and flood plains. U.S. Geological Survey Water-Supply Paper 2339, Washington, D.C.

Barnes, H. A. 1967. Roughness characteristics of natural channels. U.S. Geological Survey Water-Supply Paper 1849, Washington, D.C.

Cowan, W. L. 1956. Estimating hydraulic roughness coefficients. Agricultural Engineering, Vol. 37, No. 7, pp. 473-475, July.

Chow, V. T. 1959. Open-channel hydraulics. McGraw-Hill, New York.

Henderson, M. H. 1966. Open-channel flow. Macmillan, New York.

Simons, D. B., e E. V. Richardson. 1966. Resistance to flow in alluvial channels. U.S. Geological Survey Professional Paper 422-J, Washington, D.C.

Williamson, J. 1951. The laws of flow in rough pipes. La Houille Blanche, Vol. 6, No. 5, September-October, p. 738.


http://ponce.sdsu.edu/canais/index.html
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